"Sempre trato de preservar o lado clássico da minha carreira"

A soprano finlandesa Tarja Turunen se prepara para dar um concerto de música clássica na Argentina, antes de voltar aos cenários com a sua banda Nightwish.

Em 24 de abril, acontecerá a segunda "Noche Escandinava". Se trata de um projeto que leva no vocal a cantora Finlandesa Tarja Turunen (vocalista da banda Nightwish), acompanhada dessa vez por Marjut Paavilainen (soprano Finlandesa), Juha Koskela (barítono Finlandês) e Izumi Kawakatsu (pianista japonesa).

Em um encontro num bar de Caballito com o setor da imprensa musical, Tarja falou de sua grande noite e, como já era de se esperar, também se estendeu aos próximos projetos do Nightwish. Confirmou que a banda fará um show na Argentina em 27 de novembro, logo que lançar um novo disco.

O que é "Noche Escandinava" e o que te levou a inventá-lo?

- O nome "Noche Escandinava" surgiu pela primeira vez na Argentina, em 2002. Obviamente porque iremos cantar músicas escandinavas. Porém nesse concerto solo, haverá canções de origens finlandesas. É algo divertido para fazer, e sempre trato de preservar o lado clássico de minha carreira, além do Nightwish. De verdade, espero poder conservar as duas atividades na medida do possível. Além do mais, esse show foi uma boa oportunidade para eu voltar ao país... Estou um pouco nervosa porque o concerto está próximo e terei que dar aulas aos meus alunos daqui e depois voltar para a Alemanha em algumas semanas... então não tenho muito tempo para ensaiar.


Qual é o ponto de união que você acredita entre a Ópera e o Metal?

- Creio que o drama. A música do Nightwish é dramática, e também tem um lado épico... Como na ópera, que tem solos de instrumentos e lindas melodias... É a música que varia o tempo todo. Há momentos de muita calma e momentos de muita orquestra... Creio que isso seja similar. Outro aspecto, por exemplo, é que não posso ir para um concerto no Nightwish de jeans e blusa, como eu também não posso ir para um concerto clássico vestida assim.

Conte-nos sobre o disco "Bless The Child" e sobre a atualidade do Nightwish.

- Esse disco foi um single na Finlândia, mas aqui foi publicado com faixas inéditas. Significa que - por exemplo - tem temas ao vivo que nunca haviam sido publicados. É um disco exclusivo para a Argentina, não será lançado em outros lugares. Não será feita uma grande promoção para esse disco que será lançado no começo de junho.
A respeito do Nightwish, estamos mixando o nosso novo disco no estúdio. Foi um processo enorme, outra vez, nós passamos muito bem. Creio que este álbum é como um sonho que se tornou realidade, porque tivemos a oportunidade de gravá-lo com uma orquestra sinfônica completa em Londres, a mesma que gravou a trilha para o filme "O Senhor dos Anéis". Creio que aprendemos muito com o disco "Century Child", foi uma grande oportunidade de aprender a usar a minha voz de outra maneira. A respeito do novo disco, será lançado simultaneamente em todos os lugares e estamos pensando em lugares novos como Austrália.
Também haverá um novo tour, e viremos para a América do Sul em novembro (na Argentina tocaremos em 27 de novembro).


Existe uma Tarja real e outra de cenário?

- A Tarja que entra no cenário... ai Deus como é difícil de explicar! Claro é parte de um show, é concentração... o que podem ver de mim sou eu, não estou simulando nada, não sou desse tipo de pessoa. Por isso foram tão fáceis esses anos com o Nightwish porque as pessoas podem ver que sou eu que estou em uso. É óbvio que isso mude de disco para disco, pois a música é uma coisa viva, é variação e necessita poder mudar, é um desafio. Sou uma pessoa muito sensível, posso chorar, posso rir, sou feliz, e também me dá stress.
Penso que se tiver uma vida como a minha - em que tenho que viajar muito, conhecer muita gente e estar linda todos os dias - se converte em uma vida estressante... faz se sentir mais velha. Quando me olho no espelho digo: "Deus, realmente estou ficando mais velha!" Não é uma vida fácil de se levar... mas não está me mudando.

Como as pessoas da Argentina respondem à sua música?

- Viemos em 2000 da primeira vez para tocar e toda a Tour Sul-americana foi uma grande experiência para nós, porque não sabíamos o que esperar. Somos uma banda finlandesa e era possível que as pessoas não soubessem onde ficava a Finlândia. Estávamos preocupados, mas a recepção foi enorme. Foi fabuloso e a banda completa manteve a ideia de fazermos isso mais vezes. Não foi fácil trazer-nos... por questões econômicas, pelas coisas que se passavam nesse país, mas mesmo assim quisemos fazer isso, é muito importante: se você nos dá algo... nós queremos dar um montão.


O que é que você mais gosta neste pais?

- Em primeiro lugar estou, parcialmente, morando na Argentina e na Finlândia, pelo meu marido e minha família que vive aqui. Eu gosto muito do povo argentino, gosto também de Buenos Aires, porque é uma grande cidade e nós não temos grandes cidades na Finlândia. Gosto muito da atmosfera de Buenos Aires. Há anos que estou compartilhando esse estilo de vida e gosto, e quando vou à Finlândia trato de contar isso. Gosto da comida daqui... e de muitas coisas.

Quais são seus projetos para o futuro?

- Esse ano estarei muito ocupada. Trabalharei com o Nightwish e com muitos shows até 2005. Pela primeira vez vou fazer algo meu: lançar um disco de canções natalinas, que é algo muito tradicional na Finlândia. Será lançado apenas em meu país e cantarei músicas em finlandês e outras em inglês. De alguma maneira terei que encontrar tempo para gravar esse disco. E, talvez no ano que vem, ingressarei no mundo teatral da Finlândia.