Um quarto de hotel pequeno feito um poleiro. Um jornalista após o outro entra, mas ninguém permanece lá, o telefone toca. O interesse em Tarja Turunen não desapareceu depois de seu desagradável desligamento do Nightwish. Mas ainda sim a cantora deixa transparecer uma expressão descontraída - em comparação as últimas ligações de LA. "Eu não estou tão estressada quanto eu estava três semanas atrás, porque finalmente eu saí do estúdio", declara a finlandesa. "Eles ainda estão trabalhando na mixagem e na masterização, mas meu marido está lá, e eu tenho certeza que meu time vai deixar tudo pronto a tempo".

Trabalho árduo

Tarja confia tanto no seu ambiente quanto confia em si mesma. Enquanto seus ex-colegas do Nightwish lidam com a horrível separação com canções como "Bye Bye Beautiful" em seu novo álbum "Dark Passion Play", a bela morena se mantém longe de especulações públicas. Faixas como o primeiro single "I Walk Alone" ou "Our Great Divide" parecem ser uma resposta óbvia. "Não, não, nenhuma dessas faixas tem a ver com a separação", diz Tarja claramente. "Eu gravei o My Winter Storm com minha personalidade e minha própria visão sobre a vida. Eu não me importo com o que os outros fazem, é problema deles".

O fato é que a maioria das canções e letras neste álbum nem foram escritas pela própria Tarja, porem foram mais ou menos influenciadas por ela. A referência a sua personalidade mostra que há um humor obscuro e melancólico em todas as canções do My Winter Storm. "Faz parte de mim", diz a finlandesa. "Eu não sou feliz o tempo todo. Mas por outro lado, o álbum tem um aspecto bastante positivo e eu também sou positivista. Mas sobre o significado de "I Walk Alone", eu tenho que dizer que felizmente eu jamais precisei vagar pelo mundo sozinha".

Ciclo de amizades

Para seu novo álbum, a cantora recebeu ajuda de um grande ciclo de velhos e novos amigos. A pianista Izumi Kawakatsu, por exemplo, ambas se conhecem desde seus estudos na Alemanha. Outras amizades surgiram do trabalho em cima do My Winter Storm. Depois de analisada cuidadosamente pelo famoso criador de trilhas sonoras hollywoodianas Hanz Zimmer em pessoa e receber permissão para usar seu estúdio o Remote Control, o mestre das trilhas sonoras apresentou seus colaboradores a ela. Responsável pelos arranjos e técnico chefe, James "Jim" Dooley cuidou de grande parte das gravações da orquestra e do coral. Daniel Presley, um parente de Elvis, foi o produtor. A mixagem foi feita por Slamm Andrews, responsável por Os Simpsons - O Filme. "Foi uma honra para mim, trabalhar com essas grandes pessoas de Hollywood", Tarja se entusiasma. "Eles parecem ter me guardado em seus corações. Eu espero poder voltar para o próximo álbum". Mas quem poderia resistir aos encantos dessa finlandesa?

Mas de acordo com a opinião da própria Tarja, ela perdeu parte de seu charme depois de muito tempo em estúdios em Helsinque, Irlanda, Ibiza e LA. "Não estou gorda, mas estou totalmente fora de forma", ri a cantora. "Eu já tinha notado não há vida quando se está no estúdio. Quando eu voltava ao hotel, tarde da noite, eu passava bem longe da academia - com peso na consciência, claro. Agora eu tenho que voltar a velha forma para a turnê que se aproxima". Sua turnê está para começar em 25 de novembro em Berlin - uma prova de amor aos seus leais fãs alemães. Depois, ela vai viajar pelo mundo até a próxima primavera. Mas Tarja já tem planos para o futuro: "Logo que eu puder, eu volto para casa e começo a compor novas canções. Eu definitivamente não vou me acomodar".

My Winter Storm nas palavras de Tarja Turunen:

Boy and the Ghost (O garoto e o Fantasma):

"Está canção é uma abertura. Há elementos nela que voltam mais tarde no álbum: orquestra, coral, guitarras pesadas e som-ambiente. Começa bem lentamente, mas então ela vai ganhando força e termina por alcançar um final surpreendente. Eu sinto uma estranha ligação com a letra".

Poison:

"Esse clássico do Alice Cooper é tocado até hoje nas rádios finlandesas. Eu nunca a ouvi em uma voz feminina, mas talvez já tenha. Eu achei tentador cantar essa "danadinha" de uma perspectiva feminina. Além do mais, eu adoro a música".

My Little Phoenix (Minha Pequena Fênix):

"Quando esta canção foi sugerida a mim, eu imediatamente percebi que ela era diferente. A estrutura dela parece com a de uma valsa, o que raramente ocorre no rock. É um pouco difícil explicar meu ponto de vista aos músicos e ao produtor, mas no fim eu consegui. Agora todos tão empolgados com ela".

I Walk Alone (Eu Caminho Sozinha):

"Quando a canção foi oferecida a mim logo no início, eu a recebi com bastante entusiasmo. Pois ela é baseada no tema "Réquiem" de Mozart. Ela representa perfeitamente minha identidade e personalidade como cantora. Afinal, eu tenho um passado na música clássica. Há duas versões dela".

Oasis (Oásis):

"É a única canção totalmente composta por mim. O título refere-se à imagem que eu queria "musicalizar". É sobre os sentimentos de liberdade, felicidade e paz - tanto no exterior quanto no interior. Embora a letra seja em finlandês, eu mantive o título em inglês".

Calling Grace (Chamando Graça):

"Uma vez que o álbum é meio obscuro em várias emoções diferentes, eu quis um interlúdio relaxante. Uma faixa acústica me pareceu uma boa escolha. Compomos Calling Grace no calor de Ibiza durante um momento de bloqueio espontâneo".

Damned and Divine (Amaldiçoado e Divino):

“Damned and Divine também foi criada em Ibiza. Eu ouvi a demo, e ela me conquistou totalmente. Geralmente leva algum tempo até eu achar a conexão com a música. Eu adicionei as partes vocais e mudei a letra um pouquinho. Ela soa obscura e triste, mas ao mesmo tempo bonita”.

The Reign (O Reino):

“De primeira, eu vi a canção como uma atmosfera apenas instrumental, como uma trilha sonora. Mas então tivemos a idéia de usar minha voz como um instrumento também. Criamos a melodia em cima da minha voz. Eu amo as partes do violoncelo tocadas pelo Martin Tillman".

Die Alive (Morto Vivo?):

“Mais uma vez o ar quente e a bela paisagem do estúdio localizado em uma parte separada de Ibiza serviu-me de inspiração. Ainda sim é uma canção agitada. É sobre lutar por sua vida e sonhos sem o uso de armas. Levante-se e faça algo!".

Lost Northern Star (A Estrela Perdida do Extremo Norte):

"Eu definitivamente queria uma canção heavy com uma entrada forte da minha voz lírica. Uma homenagem ao Rammstein. A gravação dela envolveu 74 linhas vocais diferentes. Foi bem divertido, mas levou algum tempo até que conseguimos criar harmonias interessantes."

Sing For Me (Cante Para Mim):

"Sing For Me foi enviada a mim enquanto gravávamos na Irlanda. Eu me apaixonei imediatamente pela música porque ela representa muito bem meu álbum, com seu coral e arranjos orquestrais. Além do mais, eu gostei da atmosfera arrepiante e da bela melodia".

Ciarán's Well (O Poço de Ciarán):

"Apenas uma canção foi composta na Irlanda, uma canção que ganhou seu nome depois de um feriado. No espírito dos belos dias que passamos lá. Ela é baseada em riffs fortes de guitarra que foram criadas espontaneamente na mesa de gravação".

Minor Heaven (Céu Menor):

"Eu não tenho uma resposta exata para a questão do significado do título. Eu gostei da melodia que rapidamente me lembrou dos meus concertos de música clássica. É por isso que estou tão contente que minha velha amiga Izumi Kawakatsu tenha me acompanhado ao piano. No fim, orquestra e guitarras foram adicionadas".

Our Great Divide (Nossa Grande Separação):

"Eu cantei belas baladas durante minha carreira. Quando a melodia me foi apresentada, eu finalmente achei uma canção na qual eu poderia ser livre e natural com a música. Começou como uma canção de amor, mas isso não quer dizer que ela vá terminar assim".