A compositora e cantora de heavy metal Tarja Turunen, ou simplesmente Tarja, irá lançar seu sétimo álbum de estúdio, entitulado "In the Raw" no dia 30 de Agosto através da EarMusic. O álbum será o seu primeiro álbum desde 2016 quando ela lançou o The Shadow Self.

 

Nós encontramos a finlandesa lírica-soprano em Londres para discutir sobre a composição e a gravação do novo álbum:

 

RAWRAMP: O novo álbum considera cavernas, estranhos, câmaras e isso tudo soa muito isolado. Você é uma pessoa solitária?

 

“Eu não sou, mas talvez eu seja. Sendo uma artista e tudo mais. Existe um ditado: Se você diz as pessoas que você tem um único verdadeiro amigo na sua vida, então você deve ser abençoado... Se você diz que você tem dois, você deve ser sortudo... Se você diz que tem três, você deve ser um mentiroso. Eu acho que eu preciso de solidão para arte.

Eu acredito que você precisa de dor para criar música. Nesse álbum, particularmente, eu senti que eu estava trabalhando sozinha, que estava trabalhando por conta própria... em comunhão com a minha alma, definitivamente. E isso foi um processo que eu sabia que eu tinha que passar. Eu acho que eu percorri um logo caminho, mas eu aprendi muito, e somente agora, eu realmente acho que eu estou em pé em um chão sólido. Então talvez você ouça isso no álbum. E tem uma outra palavra - Crueza. É apenas eu, somente eu. Eu mesma olhando no espelho e eu mesma olhando o meu passado e vendo o porquê hoje eu sou a pessoa que eu sou."

 

RAWRAMP: Isso foi uma experiência catártica? Você se sentiu mais limpa depois de gravar o álbum?

“Sim. Eu também me senti muito cansada, por causa da emoção. Eu me senti como se eu não pudesse escrever uma única música novamente. Mas quando a energia começou a entrar de novo foi lindo. De uma certa maneira esse álbum foi um parto - ou algo do tipo - " 

 

RAWRAMP: Então, encarando você mesma sozinha? Como você se vê agora? Em uma luz diferente?

“ Eu estou em um caminho de aprendizado. Eu iniciei essa jornada com o meu último álbum "The Shadow Self". Eu estou em uma auto descoberta. Coisas aconteceram comigo, saúde e coisas que chocaram minha base e me fez perceber que nós temos um tempo limitado e nós não deveríamos desperdiçar isso. Isso soa clichê, mas é realmente muito real quando isso te atinge e você percebe que talvez não tenha tempo nenhum.

Quando esses tipos de coisas acontecem (por exemplo, eu perdi a minha mãe para o câncer) é claro que você somente tem o tempo restante que lhe foi dado e você deve usar isso da melhor maneira possível. Então, quando eu me olho e penso sobre o álbum e me sinto completamente destruída pelos pensamentos ruins ou pelas inseguranças do começo, mas quando a mesa estava limpa, eu me senti forte de novo.

 

RAWRAMP: Nos conte sobre as cavernas. Porque você se coloca em lugares escuros? 

 

“Eu fui para a velha caverna de St. Michael porque é bem próxima da minha casa. Eu vou correr 5 ou 6 vezes por semana nas montanhas e no interior com meu marido e nós gostamos de levar nossa filha para passear. Nós amamos isso... mas as cavernas... é como uma viagem de auto-descoberta. É como quando você verifica o que tem dentro de você. É um tipo de coisa assustadora. E talvez você somente perceba o porquê você reagiu de certa maneira, ou o porquê você estava com tanta raiva sobre isso ou aquilo... a questão 'por que' cresce num eco escuro. A caverna é uma coisa simbólica, um símbolo de procura dentro de si mesmo e que talvez você descubra a resposta para o porquê."

 

RAWRAMP: Você acredita em Hades?

 

“Err, Eu não sei. Talvez não. Mas eu sei que há outros níveis para aquela caverna. Eu adoraria ir dentro delas. Ir bem no fundo..."

 

RAWRAMP: Conte nos sobre Dead Promises com Björn Strid

 

“Eu escrevi a música com meu guitarrista Alex e quando eu sentei para escrever a música com ele eu disse que eu queria uma música angelical que fizesse as pessoas pularem e desse poder a banda: baixo, bateria e guitarras atrás de mim. Existe uma parte lírica (eu gosto de adicionar partes líricas, somente porque eu posso) mas é uma música poderosa e eu precisei dessa energia. E eu queria essa dureza novamente. Quando eu terminei a primeira demo para essa música... era uma história escura... com luz no final do túnel (de volta ao túneis!) E o Alex fez a música realmente funcionar, ele deu o poder.

 

RAWRAMP: E a música “Goodbye Stranger” com Cristina Scabbia [Lacuna Coil]?

 

“Essa é outra música que tem apenas guitarras e baterias. E isso é bastante raro (para mim) porque minhas produções normalmente tem orquestras e teclados. Nessa, embora eu senti que precisava do apoio da banda completa atrás de mim. Porque então isso vinha como um chute. Vocalmente, eu descobri que eu estou muito mais poderosa do que eu fui anos atrás porque eu estive treinando bastante... Eu senti que a base está me dando o poder e a energia mas eu preciso da minha banda completa atrás de mim, é quase como se eu pensasse que se eu cair, eles irão me segurar. Então essa música "Goodbye Stranger" é apenas com guitarras e isso a fez muito atmosféricoa(novamente eu escrevi a música com o Alex) ele é o compositor principal junto comigo...

 

RAWRAMP: Conte nos sobre “Spirits of the Sea” dedicada para a memória de... Os músicos argentinos na sua vida ajudaram a influenciar você com isso?

 

“Não, isso veio totalmente de mim. Não esqueça que eu vivi na Argentina por mais de 10 anos e quando isso aconteceu moveu o mundo inteiro... foi uma coisa muito triste. Eu quis fazer isso para os tripulantes. Eu fiz essa música com Bart Hendrickson (Ele é arranjador no estúdios do Hans Zimmer em Los Angeles) nós somos amigos desde o primeiro álbum e nós continuamos em contato... Ele é um cara obscuro, ele é baterista e compõe para filmes então ele realmente pega meu background da música clássica... mas ele está mais fundo e mais obscuro do que nunca. Eu escrevi a letra para essa música em um dia porque foi tão inspirador pensar sobre o fato que aquelas almas nunca estão perdidas... elas permanecem para sempre...".

 

RAWRAMP: Contos folclóricos vêm fácil para você?

 

“Realmente não, embora eu esteja familiarizada com ‘Asrai - A Changeling: A Legend of the Moonlight’ mas eu escrevi essa letra porque eu senti que isso fosse um filme acontecendo dentro de mim. Escrever isso com um cara de filme fez isso ainda mais como um filme. Eu achei que precisava mergulhar em mim mesma dentro daquele lugar... bem lá no fundo, fundo no escuro. Silêncio profundo."

 

RAWRAMP: Nos conte sobre “Silent Masquerade”

 

“Essa foi feita com Tommy [ Tommy Karevik do Seventh Wonder / Kamelot ] mas eu escrevi a música tempos atrás. O piano é meu instrumento e eu gosto de fazer riffs com piano (eu toco um pouco de guitarra, mas eu não faço riffs) mas para eu fazer riffs no piano é fácil e é poderoso e melancólico. Como um instrumento isso me inspira. Então essa música surgiu como uma história muito triste, muito relacionada a minha família... sobre coisas muitos tristes que aconteceram na minha família, e próximo a um amigo pessoal meu... Existe um monte de coisas pessoais nesse álbum. Mas essa é uma música bastante orquestrada e eu tenho que contar que eu estava chorando como uma garotinha na cozinha quando Tommy me entregou a parte vocal. Ele gravou a parte dele separada... Eu falei com ele rapidamente por Skype e nós falamos sobre a música e eu o disse o que eu gostaria o que ele fizesse, mas em todas as minhas colaborações eu digo a eles se sentirem livres para se expressarem. Eu gosto de dar a eles muito espaço... caso contrário as colaborações não fariam sentido nenhum para mim... Então ele me entregou 48 faixas. Quando eu comecei a ouvir as faixas eu chorei como uma garotinha. Eu fiquei tão orgulhosa de nós e tão orgulhosa do nosso momento."

 

RAWRAMP: Você sente raiva de alguma coisa que aconteceu com você?

 

“Não, não raiva. Eu sinto desapontamento. Raiva, não. Eu sempre tendo a tentar encontrar positividade dentro da gente. Eu ainda sou ingênua. Eu ainda acredito em coisas boas. As coisas boas dentro da gente. Então isso me atinge muito quando eu fico desapontada. Mas não, eu não fico com raiva. Isso é muito. Muito longe."

 

RAWRAMP: Então como você se mantém emocionalmente?

 

“Bom, fazer música é a minha saída. Para todo mundo, seja criador ou consumidor, música dá cura. E por eu ser capaz de trabalhar com música eu me sinto muito privilegiada e então novamente é uma benção. Mas eu também corro, eu vejo a natureza, eu vejo o céu azul e ouço o canto dos pássaros e eu tomo aquela respiração profunda. E, obviamente, quando eu vejo minha pequena garota correndo eu sempre digo a mim mesma, bom... pelo menos eu fiz alguma coisa boa na minha vida... ela tem 6 anos!

 

RAWRAMP: Alguma das estrelas convidadas irão se apresentar ao seu lado na Raw Tour?

 

“Eu amaria se eles pudessem. Mas todos eles são muito ocupados com suas próprias turnês e cronogramas de gravações. Mas talvez nós podemos conseguir algo, mesmo em festival ou algo do tipo. A turnê será muito longa. Irá iniciar em setembro, primeiro na Rússia, e então América do Sul. Eu tenho um concerto clássico entre elas no natal, é uma turnê em igrejas na Finlândia e mais em alguns outros lugares. Então de volta ao trabalho com a parte européia da turnê que inicia no ano novo, então nós não iremos estar na Inglaterra até lá. Mas antes disso, em Janeiro, eu vou fazer alguns concertos especiais... na verdade eles vão ser tão especiais que eu nem mesmo posso falar sobre eles ainda. Haverão boas noticias em breve.

Quando eu termino a produção de um álbum eu início uma turnê por 2 anos. Eu tenho feito isso com todo álbum que eu tenho feito. Então eu começo a compôr um novo álbum. É sempre como um ciclo de 3 anos. Exceto dessa vez, foram 2 anos entre as gravações. É uma história que nunca acaba. E obrigada Deus por isso!"