Eu te conheço?
Embora a cantora e compositora finlandesa Tarja Turunen não tenha vivido na Finlândia por um longo tempo, ela continua levantando a bandeira finlandesa com muito orgulho pelo mundo.
Tarja Turunen, renomada por suas habilidades como cantora clássica, é melhor conhecida por ser um dos membros fundadores da banda de heavy metal Nightwish e por sua carreira solo que se iniciou em 2005. Além disso, Turunen tem performado em muitos palcos diferentes, salões de música e igrejas, cantando música clássica e músicas de Natal tanto sozinha como fazendo parte de grupos como Noche Escandinavia e Raskasta Joulua.
Já tendo uma carreira longa e significante como artista, essa mãe sempre jovem residente de Marbella continua fazendo turnês ao redor do mundo com sua banda e apresentando músicas de seu último álbum de estúdio, In The Raw, que foi publicado no último ano.
Turunen descreve seu som atual como prog-rock-metal-score que chega ao clássico. Ela desenvolveu seu som único através dos anos cantando rock sem nunca ter tido aconselhamento de treinadores vocais. No entanto, quando performa música clássica em particular, a soprano usa seu conhecimento e experiência em canto lírico e sua técnica.
Agora essa estrela brilhante da cena do rock sinfônico está pronta e animada para se abrir sobre sua música, sua inspiração e sobre ser a voz da Finlândia.
 
E: O que constitui uma manhã perfeita para você?
T: Se eu consegui dormir mais de 7 horas, essa é uma manhã perfeita para mim. Um expresso duplo com um copo grande de água e a visão da janela do meu próprio quarto ou do terraço fazem a manhã perfeita.
 
E: Enquanto crescia, você sempre quis ser música? Houve algum tempo em que pensou em fazer algo completamente diferente?
T: Eu definitivamente sempre quis me tornar uma música profissional e fazer disso a minha vida.
 
E: Você encontrou uma nova casa na Espanha alguns anos atrás. Como o estilo de vida em Marbella se difere do estilo da Finlândia?
T: O clima, sendo muito diferente do da Finlândia, me ajuda a curtir fora de casa ao longo do ano. Eu saio para correr nas montanhas ou perto do mar muitas vezes por semana. O sol também me enche com sua energia nas manhãs. Eu não sou tão conhecida aqui como sou na Finlândia, então consigo respirar livremente o ar e viver minha vida sem as pessoas notarem minha presença. Embora seja uma cidade espanhola, Marbella tem um ar internacional muito forte. Pessoas aqui ao meu redor têm vindo das mais diferentes culturas e contextos. Isso tem feito minha vida colorida e excitante todo dia.
 
E: Qual banda ou artista melhor representa o jeito finlandês, e por quê?
T: Essa questão pode ser interpretada de muitas maneiras. Se eu pensar “o” artista finlandês, imediatamente Kari Tapio vem à minha mente, cantando sua música Olen suomalainen, mas isso significaria para a audiência finlandesa apenas. Agora, se eu pensar em artistas e bandas finlandesas que são mundialmente conhecidas, eu poderia mencionar Apocalyptica, Nightwish, Sunrise Avenue, eu mesma e muitos outros, mas estamos todos cantando em inglês! Afinal de contas isso tudo depende de como os artistas se sentem em relação às suas origens. Eu tenho levantado a bandeira finlandesa com muito orgulho mundialmente nesses anos da minha carreira, mesmo que eu não tenha vivido na Finlândia por um longo tempo. Você pode tirar uma garota da Finlândia, mas você não consegue tirar a Finlândia desta garota. O Ministério de Relações Exteriores da Finlândia fez um emoji com minha imagem chamando de “a voz da Finlândia”. Isso me fez muito feliz e orgulhosa.
 
E: Vamos continuar falando da sua música. Como você descreveria seu último lançamento, In The Raw, para alguém que não o ouviu ainda?
T: In The Raw é um álbum dramático de rock sinfônico, com um toque pessoal, vulnerável, de mim.
 
E: Como foi o processo de produção de uma gravação tão pessoal?
T: A produção para o novo álbum foi sem dor, porque eu tenho pessoas talentosas no meu time de produção que estão por perto e prontas para o desafio. Hoje em dia todos os músicos profissionais têm seu próprio lugar para gravar e produzir, é o meu caso e o das pessoas que estou usando nas minhas produções. Então, o álbum foi gravado em muitos lugares no mundo: meus vocais na minha casa e a mixagem com Tim Palmer no Texas, nos EUA, como aconteceu também com meus álbuns passados. Eu estava supervisionando e mantendo todo o quebra-cabeças gigante resolvido até que o processo todo estivesse concluído. Eu fiquei exausta depois disso tudo, porque o álbum é o álbum mais pessoal de toda minha carreira. Demorou algum tempo para eu elaborar as músicas e executá-las, mas estou muito feliz e satisfeita com o resultado final.
 
E: Este processo parece um pouco diferente do processo com o seu último álbum live-art Act II. Como foi colocar todas as peças dessa coleção juntas? Qual foi a inspiração para as músicas nele?
T: Levei muitos meses nesse produto. Consiste, no todo, de 8 horas e meia de música e imagens, então a edição de vídeo e a mixagem do som demorou bastante. Além disso, a arte dessa gravação ao vivo foi feita com muito cuidado, e foi baseada em fotos tiradas nas ruas de Florença, na Itália, e fotos muito bonitas ao vivo. Eu ainda acho muito importante produzir gravações ao vivo, principalmente para eu entender em que posição estou hoje como artista. É uma oportunidade para pessoas que ainda não testemunharam um concerto ao vivo meu verem o que estou fazendo e para aqueles que já seguem minha carreira reviverem a experiência.
Minha primeira gravação ao vivo, ACT I, consiste das músicas de dois dos primeiros álbuns, e essa segunda gravação ao vivo, dos próximos três álbuns. Então, o setlist é baseado nesses três álbuns. Eu detesto me repetir, então ACT II é um DVD ao vivo, live-art, cujas artes eu trabalhei profundamente.
 
E: Você alguma vez se viu incapaz de expressar sua criatividade ao máximo? Que tipo de coisas inibem você?
T: Se eu for para alguma coisa nova, um novo desafio, eu tenho que ter certeza de antemão de que serei capaz de fazer um bom trabalho com isso. Eu tenho minhas limitações quando se trata do canto também e minha intuição é aquela em que mais confio. Eu não farei algo se não me sentir bem com isso. Eu entendi que a vida é muito curta para ser gasta com coisas que não retornarão em nada.
Eu sou minha própria chefe, então eu basicamente decido sozinha o que fazer e quando, então quando tem a ver com ser criativa, eu definitivamente me expresso dentro dos meus próprios limites, e nunca me encontrei incapaz de fazer isso. É uma grande bênção, para ser sincera.
 
E: Quando você se apresenta, o que quer entregar ao público? O que quer que sintam?
T: Eu sou uma contadora de histórias e sempre entrego meu coração para quem me ouve. Eu sou uma artista muito emocional e tenho certeza de que meu público vê isso em mim. Eu quero que tenham o melhor momento de suas vidas nos meus shows! Quero que riam, que amem, que chorem e sintam. Minha música e performances são sobre emoções.
 
E: Qual mentalidade ou característica você acha que todo cantor precisa ter para se tornar bem-sucedido?
T: O que é sucesso? Como você mede isso? Eu acho que toda pessoa deveria encontrar, primeiro em seus corações, o que sucesso pessoal significa para ela. Se você quer ter êxito, você precisa ter paixão e amor por cantar e você deve estar pronto para lutar pelos seus sonhos. Você deve verdadeiramente ser capaz de ouvir seu coração se algum dia você estiver em uma encruzilhada sem saber por onde seguir. A música mantém você humilde e grato, porque é um presente. Isso não pode nunca ser esquecido.
 
E: Você tem sido um nome familiar por pelo menos 23 anos, tem algo que você ainda não tenha realizado?
T: Eu sou viciada em trabalho de um certo modo e sempre procuro novos desafios. Eu acho que nunca vou aprender o suficiente sobre música, porque acho que sempre há algo novo para explorar. Eu gostaria de me expressar mais como compositora no futuro e expandir minha “marca” como artista.
 
E: Qual foi seu show mais memorável até hoje? Por quê?
T: É uma pergunta muito difícil de responder, porque minha carreira de 23 anos consiste de muitos tipos de concertos diferentes. Mas uma vez cantei para uma pessoa como uma surpresa e eu fiz seus joelhos dobrarem e lágrimas saírem de seus olhos, porque não acreditava que isso pudesse estar acontecendo. Essa pequena surpresa fez seu dia brilhar e o meu também. Eu adoro fazer as pessoas felizes com música, é minha inspiração e motivação todo dia até hoje.
 
E: Quais têm sido suas maiores inspirações para sua carreira?
T: Música de filme, algumas poucas bandas de metal, Peter Gabriel e os livros de Paulo Coelho. O fato de que há sempre algo novo para descobrir na música é motivador. Você pode apenas tentar ser o melhor, mas nunca será.
 
E: Quais são outros interesses além da música?
T: Eu amo filmes, design de interiores, academia, moda e mergulho.
 
E: E quando são seus momentos mais felizes?
T: Quando estou brincando com minha pequena filha. Sua inocência e amor são puros e reais.