Enquanto que o Nightwish chega a um impasse na difícil busca pela nova cantora, a bela Tarja está de volta depois de ter sobrevivido ao duro golpe e usando seu talento e sua varias faces artísticas ela está passando por vários projetos bem sucedidos os quais esperamos que ano que vem a conduza ao lançamento de seu real álbum solo, de volta à ativa, com distribuição mundial.
Enquanto ela passa o tempo dando vida ao Henkäys Ikuisuudesta, traduzido simplesmente como “Sopro dos céus”, um trabalho íntimo com vários aspectos clássicos dedicado ao natal e concebido como um presente a sua amada Finlândia.
Este é apenas o começo de uma exclusiva e profunda entrevista com a Tarja, uma desculpa para descobrir o que o futuro reserva para esta talentosa cantora, uma conversa sobre confiança sincera e doces lembranças do natal…

MM: “Sopro dos Céus” foi lançado só agora, mas de acordo com algumas pessoas você queria fazer isso já há alguns anos. Por que esperar tanto?
Tarja: meu repertorio apresenta canções do álbum já há algum tempo. Eu sempre cantei canções como “Walking in The Air”, eu sempre amei canta-la ao vivo ou meramente para os meus amigos mais queridos… por muito tempo eu tive em mente realizar algo mais íntimo, dedicado ao povo finlandês, talvez para o natal. Este é um feriado muito importante na Finlândia e eu fico pessoalmente ligada a isto nestes dias, eu posso me unir a minha família e achar de volta a tranqüilidade que eu geralmente sinto falta durante o ano. Como você pode notar, minha vida é muito agitada, sempre em movimento, viajando de um lugar para o outro… por outro lado, durante o natal eu tenho a chance de ficar próximo aos meus entes queridos, meus amigos e todas aquelas pessoas de quem eu sinto muita falta. Nós passamos muito tempo juntos em torno do piano, eu cozinho com minha mãe (?)… nós vivemos felizes e em harmonia.
Destes pensamentos surgiu a idéia para este CD: por que não gravar algo para celebrar este momento tão importante do ano? Eu quis fazer isso muito antes, eu tenho estado pensando nisto desde 2003, mas eu estava muito ocupada com o Nightwish e como solista. Em 2005, depois de uma turnê pela Finlândia, Espanha, Romênia e Alemanha para promover meu EP “Yhden Enkelin Unelma”, eu percebi que era a hora de realizar este projeto. Eu cantei algumas canções que eu gravei para o Henkäys e a reação do público foi fantástica então eu preparei minha mente para entrar em estúdio em junho e hoje o álbum está lançado, para o meu deleite e também dos meus fãs que me agraciaram com disco de ouro na Finlândia.

MM: Qual a lembrança mais doce que você tem do natal?
Tarja: Talvez algo relacionado a minha infância, eu devia ter uns cinco anos: eu e minha família fomos a uma cabana para festeja e havia um restaurante. No dia de natal minha mãe levou eu e os meus irmãos a um chalé tipicamente decorado onde nós abrimos nossos presentes ao redor da fogueira: colocaram-me em cima do piano no salão do restaurante e comecei a cantar. Isso foi muito doce…

MM: há algum presente que você ainda guarde com carinho, mesmo na forma de uma lembrança?
Tarja: É também algo relacionado à música… quando eu ainda era uma criança eu era fascinada pelo piano da minha professora. Eu tinha oito ou nove e meus olhos brilhavam toda vez que eu o vi – o piano. Foi como um sonho pra mim quando meus pais me presentearam com meu primeiro piano, ali eu realmente vi meu sonho se tornar realidade.

MM: e o presente mais caro que você já deu?
Tarja: Hm… esse é difícil. Eu não sei, talvez seja neste natal porque eu levarei toda a minha família para Buenos Aires. Concerteza este será um importante presente.

MM: você disse que este álbum de natal não é nada mais que um projeto paralelo. Você está trabalhando no seu real álbum solo que trará a vida seu lado mais rocker…?
Tarja: Todos os dias em trabalho nisto, dando tudo de mim porque agora minha carreira solo é mais importante que nunca. No Henkäys eu comecei a compor: eu compus a abertura de “Kuin Henkäys Ikuisuutta” com Esa Nieminen e este fato foi muito importante para mim, embora eu não me sinta pronta para escrever um álbum inteiro sozinha. Então haverá um grupo de compositores para me ajudar com este álbum. Eu já ouvi algumas canções e posso lhe assegurar que são maravilhosos. Eu não quero estilisticamente seguir em apenas um gênero, como musicista, cantar apenas metal ou apenas clássico é muito restritivo e nada estimulante. Eu quero fazer um álbum que seja o emblema da liberdade musical porque eu sempre amei cantar de tudo e misturar vários estilos.

MM: durante sua carreira você dividiu os vocais com outros cantores. Falando nisso, há algum cantor de metal que você queira “enfrentar”?
Tarja: Eu não quero parecer banal, mas eu direi a você que um dueto com Axl Rose ou Bruce Dickinson me agradaria bastante: são ambos cantores com muito carisma e são vozes muito particulares: a primeira muito alta e a segunda muito profunda e intensa. Acho que isso daria coisas muito interessantes. Geralmente as melhores coisas vêm do encontro de diferentes músicos e vozes porque quando mundos muito distantes se juntam o resultado é algo muito profundo.

MM: a maior característica de sua vida artística é enfrentar estilos tão diferentes: do pop, passando pelo metal ao clássico. Você acha que essa versatilidade ajudou você a alcançar esse grande sucesso que você tem hoje?
Tarja: não sei se esse é o caminho certo para se obter sucesso, a busca por sucesso não é o que força a experimentar vários estilos. Tentar algo novo é sempre um desafio para mim, eu gosto de sempre ir além e ver do que minha voz é capaz, tentando combinar vários gêneros. Não é fácil, mas artisticamente é muito estimulante e isso me acrescenta muito. Você tem de viver estas emoções para entendê-las da maneira correta. Cada show, cada estilo, são mundos aparte que de alguma forma contribuem para construir o lado artístico do ser humano. Por exemplo: quando estou canto música clássica, eu me sinto em uma realidade muito profunda. Há quase uma amarra espiritual entre mim e a orquestra que me acompanha. Eu fecho meus olhos e posso ouvir claramente cada instrumento tocando no momento certo e… indo se dissolver junto a minha voz…
Por outro lado, durante um concerto de metal ou pop, reina a liberdade – física também. Eu posso desabafar cantar, me mover: a abordagem é totalmente diferente.
Ambos estes aspectos da minha carreira não podem ser postos de lado. Eu não poderia viver sem eles. Eles fazem minha música brilhar e minha vida mais rica, eu nunca fico entediada. Às vezes as pessoas próximas a mim ficam chocadas vendo esta mistura de estilos e imaginando o que eu farei logo em seguida, mas eu nunca poderia agir de outra forma porque este é o meu jeito de ser. Eu devo me libertar de todas as cordas e cantar o que eu quiser.

MM: se você fizesse um balanço de sua carreira, você diria que a música deu mais a você ou você deu mais de si a música?
Tarja: Boa pergunta. Agora eu tenho certeza que eu dei muito de mim a música; não passa um dia sem que eu celebre a música, cantando, praticando… quando eu digo que a música é minha vida isto é bem verdade. Ao mesmo tempo a música me deu muito, muito mais que muito, de ambos os pontos de vista, o humano e o emocional. Alguns dias atrás eu pus uma gravação de música clássica no som, não importa o que era, uma simples compilação ou sei lá o que. Assim que o som encheu toda a sala meu coração começou a bater rapidamente e eu senti uma emoção intensa.
Eu imagino o que mais na terra é capaz de trazer tantos sentimentos fortes a alguém… do ponto vista humano a música permite que eu viva dela e por esta razão eu me considero uma pessoa tão privilegiada. Eu sempre estarei em divida com a música porque viver fazendo o que se ama realmente é muito difícil.

MM: mas o mundo da música não é sempre um mar de rosas. Quanta inveja e ciúmes você já encontrou?
Tarja: Eu acho que ciúme é parte da alma humana e não está somente no mundo da música. É triste que isto seja algo que sempre existirá e a pessoa tem que conviver com isso. Eu cresci com certos valores e eu aprendi que a coisa mais importante para continuar é olhar dentro de si, com fé, acreditando no que se está fazendo, nunca se preocupar com o que os outros dizem de você e seguir seu caminho. Eu nunca pensei em mim mesma como uma pessoa que poderia causar ciúmes porque eu sempre procurei trabalhar duro e construir tudo o que eu tenho hoje com muito esforço e sacrifício: alcançar seus objetivos através de trabalho duro não devia ser visto como uma causa para o ciúme, mas sim como uma fonte de inspiração para outras pessoas. Em todo caso eu tenho sido muito sortuda, pois não tenho visto inveja em meu caminho: tudo aconteceu tão rápido, o sucesso veio de repente… muitas pessoas podiam ficar confusas, do contrario, eu nunca ouvi as pessoas falarem mal de mim ou do que eu faço, acima de tudo entre meus colegas e este é um objetivo alcançado muito importante para mim.

MM: Qual é a coisa mais importante que você aprendeu depois de quase dez anos no mundo do metal?
Tarja: Eu aprendi a ser eu mesma, sempre.
E ser honesta comigo mesma. Metal não é para as grandes massas, é um estilo lucrativo, já que sempre que se dá um próximo grande passo, e vê o sucesso aumentando mais e mais todos os dias, a pessoa se sente confusa.
Quando as gravadoras começam a fazer planos pra você, quando as rádios, revistas e canais de tv começam a te incitar, quando seu nome começa a ser ouvido mesmo fora do metal você tem que trabalhar duro para ser honesta consigo mesma e agir de forma mais séria ainda porque chegar até as pessoas nunca é simples e o risco de se perder tudo está sempre a espreita.

MM: nos últimos anos temos visto o aumento no número de bandas cujas obrigações vocais são exigidas de mulheres +/- talentosas geralmente vindas do mundo clássico. Você se considera de alguma forma responsável por isso?
Tarja: pra dizer a verdade, no começo eu não estava muito atenta para isso, até porque tudo aconteceu tão rápido para nós… então a opinião e o respeito de outros artistas começaram a chegar e isso me deixou muito orgulhosa. Mas o que me faz mais feliz é ver quantas boas cantoras estão fazendo a cena hoje em dia… você pode simplesmente chamar de orgulho feminino, mas quando eu ouço minha amiga Liv Kristine ou Anneke do The Gathering ou Sharon do Within Temptation, uma cantora muito talentosa, eu não posso sentir nada além de uma emoção profunda. E tem também a Floor Jansen do After Forever, de quem eu pude me tornar amiga durante uma turnê com o Nightwish: ela não é apenas uma grande cantora, mas também uma pessoa maravilhosa.

MM: E Cristina Scabbia?
Tarja: Eu não acompanho muito o Lacuna Coil, mas eu lembro que uma vez eu a encontrei durante um show em Londres. Nós fomos apresentadas, mas infelizmente não conversamos muito. Entretanto eu gosto de como ela canta, ela tem grandes qualidades.

MM: … de acordo com muitos a Metal Queen ainda é Doro Pesch…
Tarja: Certo, não podia ser de outra forma! Eu ainda lembro de nosso primeiro encontro. Aconteceu no Wacken, nós estávamos promovendo o “Wishmaster” e nós tocamos quase na mesma hora. Quando ela passou perto de mim no backstage eu fiquei muito empolgada porque ela é verdadeiramente um ponto de referencia para cantoras de meta, ela tem um carisma absoluto e um inacreditável espírito de luta. E também, foi ela que veio até mim, me cumprimentar, dizendo que ela tinha gostado do nosso show. Bem, essas congratulações ainda têm um significado particular para mim.

MM: No fim, quais são seus desejos para o ano que chega?
Tarja: Este ano termina com uma série de concertos entre a Finlândia e Rússia para promover o Henkäys então eu espero que seja capaz de finalmente entrar em férias porque eu realmente preciso relaxar! Uma vez que minhas baterias estejam recarregadas eu vou entrar de cabeça no meu álbum solo. Eu espero que isto me leve a alcançar mais e mais pessoas e que isto me ajude a ver meus amigos dos tempos do Nightwish e que nunca deixaram faltar amor e apoio todos durante meses. Eu espero que o novo ano traga entusiasmo, anseio pela música e bons sentimentos. Quanto a isto eu não tenho dúvidas…