E: olá Tarja, bem vinda a metal from hell, como você está hoje?

T: Obrigada! Eu estou muito bem, está um dia bonito em Buenos Aires, Argentina, então eu estou em casa.

E: Porque você escolheu o título do álbum como "Colours in the Dark", que vem da música Until Silence?

T: Bom, de verdade, o título veio bem tarde, eu já havia escrito a grande maioria das músicas. Essa foi a primeira vez que tive dificuldade com o título e já havia muitas cores nas fotos e as cores sempre foram muito importantes para mim quando eu estava escrevendo, já que minha vida tem sido muito colorida nestes últimos anos e a música me levou a tanto lugares lindos... Então eu queria escrever um álbum colorido, ainda que haja sempre uma nuvem de escuridão por debaixo, eu sempre estive um pouco na escuridão quando se trata de música. Assim, o título, para mim, tem tudo a ver com o álbum, sabe? Um álbum colorido...

E: sim, e eu ia ter dizer, sua música sempre esteve sob uma áurea escura do heavy rock e de elegância, e te perguntaria das suas cores pessoais, da sua vida, mas como você já respondeu isso, quais foram suas inspirações na hora de escrever?

T: Pessoas, no geral. Pessoas que conheci, pessoas que falei com, pessoas de diferentes culturas... E minhas jornadas, eu tenho viajado tanto nesses últimos dez anos com a música, e até, bom, eu mergulho, então quando eu tenho férias eu vou para estes lugares onde posso ir para baixo da superfície da linda água... Este tipo de jornada, onde conheço pessoas, eu adoro conhecer novas culturas, ver que todos temos os mesmo problemas, porque temos, esta tem sido minha inspiração. É claro que também há a música, filmes, trilhas sonoras, minha música hoje é bastante cinematográfica, então eu tenho bastante inspiração de lá.

E: E você produziu o álbum você mesma... Me conte sobre essa experiência.

T: É minha segunda vez fazendo isso, no álbum anterior eu decidi produzir em mesma porque eu havia trabalhado com um produtor e senti que foi difícil, eu nunca havia trabalhado com um antes, e também, quando se trata das minhas músicas, eu as escrevi, eu já sabia como as queria. É claro que muitas coisas acontecem, é um processo longo, muitas ideias surgem, mas eu decidi produzir em mesma de novo porque os músicos com quem eu trabalho são os mesmos músicos, alguns desde 2007, e as coisas ficam fáceis quando nos conhecemos tão bem. Seria mais difícil se tivéssemos mais alguém a bordo, alguém que não me conhecesse.

E: Isso é compreensível e sensato... O álbum foi mixado por Tim Palmer, como foi trabalhar com ele?

T: Tim é uma pessoa tão boa de trabalhar, eu tive o prazer de trabalhar com ele em algumas músicas do meu álbum anterior, e lhe disse que eu adoraria trabalhar com ele em um álbum inteiro, ele concordou e eu fui para o Texas trabalhar com ele por algumas semanas em seu estúdio em sua casa, com toda sua família, pessoas muito legais, e eu me senti muito bem vinda, mesmo que ele já tenha trabalhado com outros artistas e bandas grandes ele levou minha música a serio e colocou muita paixão nisso, ele é muito talentoso.

E: Eu ouvi o Colours in the Dark já algumas vezes, e ele oferece uma grande variedade se tratando de coros e orquestra, emoções e atmosferas, mas como você descreveria esse álbum?

T: Acho que algo como rock cinemático com vocais operísticos, é mais ou menos isso. A música para mim significa emoção, sempre foi assim, eu não posso cantar sem que isso venha da minha alma, tem que ser muito puro e significativo quando eu estou lá, então nesse sentido música é pura emoção ao meu ver, e quando você ouve me álbum se não te tocar, não está certo. Tem que estar lá, sabe?

E: Há um cover também do Peter Gabriel, como você escolheu essa música?

T: Ah, eu adoro Peter Gabriel. Ele é um grande artista e eu tenho acompanhado sua carreira há muito tempo e eu diria que ele é meu ídolo. E me levou um tempo, sério, para considerar fazer um cover dessa música, porque eu a adoro desde que comprei o álbum UP, Darkness é deste álbum, e eu o adoro por inteiro, mas Darkness especialmente, por seu instrumental e sua letra bonita... Eu estive com esta música em mente por muitos anos, e tive apoio de meu marido e meus amigos dizendo "vai, faça isso, faça isso, você está pronta", então eu trabalhei muito para isso, e meus músicos trabalharam muito para isso.

E: É um cover muito bonito. Entre os músicos convidados está sua filha, Naomi... tão fofa...

T: Sim, sim! Eu tive que grava-la, um dia, quando estava descobrindo sua voz, fazendo bastante barulho, se divertindo... Então eu tive que grava-la, eu nem sabia que ia usar aquilo em meu álbum naquela época mas então há esta música, Lucid Dreamer, e tem uma parte bem psicodélica no meio da música e eu disse wow, eu tenho que colocar a voz da minha filha aqui (risos).

E: E sobre os outros convidados, como você os escolheu?

T:  Vamos pegar como exemplo os instrumentos de vidro...eu fiz uma certa pesquisa na internet, vendo algumas coisas no youtube, e o vi tocando aqueles lindos instrumentos de vidro e eu fiquei completamente chocada com seu talento e com aqueles instrumentos de cristal, lindos, nem sabia que eles existiam, e pensei que eles poderiam se encaixar muito bem na minha música, criando atmosferas e felizmente ele estava disponível. Este tipo de coisa acontece quando você está produzindo tudo você mesma, e se mantém aberta e eu semore fui assim, disposta a procurar mais, a aprender mais. Também há mais uma Cellista, Caroline Lavelle, que é britânica. O Violoncelo para mim sempre foi, desde o começo da minha carreira solo, muito importante para mim, e eu o uso neste álbum novamente...É como uma voz humana, muito vívido, emocional, lindo instrumento, então ela tocou em algumas músicas neste álbum também. E também há um dueto, com um cantor americano,  na última música, Medusa. Justin Furstenfeldt, do Blue October. Eu conheci sua voz poucos anos atrás, na verdade, através de Tim Palmer, e me apaixonei por sua voz, que é muito emocional, e eu fiquei muito feliz de o ter cantando em Medusa, que foi escrita como um dueto.

E: Queria saber também sobre a ideia por detrás da capa do álbum, que é muito colorida, com bastante contraste... Como a capa reflete o álbum?

T: bom, você me vê sempre de preto e cercada de homens, e nós fomos tirar estas fotos na India com um fotografo de lá porque eu me apaixonei por seu trabalho, novamente através da Internet, vendo algumas de suas fotos. Essa capa tem tudo a ver comigo, minha vida, as cores, o fato de não ter medo de ter essas cores bem fortes em minha vida, de enfrentar desafios, eu diria que essas cores poderiam representar os vários desafios que já tive na vida e os quais eu sempre quis enfrentar, até como cantora lírica cantando rock, o que é um fardo estranho, quando se pensa no assunto, não há muitas mulheres fazendo o que eu faço, e sobre o preto, é uma cor que tem todas as cores e eu me sinto bem, me sinto forte, usando-o. É uma cor forte... eu não tenho medo do que está por vir, eu sigo meu coração, tudo isso está lá, eu em um mundo masculino, porque ainda é assim hoje em dia.

E: Recentemente você lançou o Lyric Video de Never Enough, e o clipe de VOR, qual tem sido a reação do público?

T: Bom, never enough foi algo que eu fiz para meus fãs, para eles verem o que viria, porque eles já a conheciam, era uma música que eu já havia tocado, ainda que com uma produção diferente, então eu queria fazer isso para meus fãs, foi bem rápido, bem divertido, gravamos na República Checa, e houve um resposta bem positiva porque foi diferente de um lyric video normal, então eles gostaram. E o primeiro clipe, Victim of Ritual, também, as pessoas gostam de uma história no clipe e o fato de ser uma música longa, de clipes longos não serem tão comuns hoje... Eu tenho trabalhado muito nisso, adoro pensar nos vídeos, é uma parte importante da minha carreira e logo logo haverá um terceiro vindo!

E: esperarei ansioso por isso! Então, sua tour também vai começar logo, em Outubro, o que você pode me dizer sobre ela?

T: Bom, eu me encontrarei com a produção logo, estamos finalizando os detalhes do palco, de design, design de luz, minha equipe, o que podemos trazer para a Europa e outros continentes, e a banda será mais ou menos a mesma, a mesma que já gravou o álbum, então não há tantas mudanças, mas você verá mais cores, com certeza! Estou decidindo minhas roupas para o palco com minha amiga finlandesa, que desde o Nightwish vem desenhando minhas roupas, nessa parte vocês também verão mais cores, não psicodélicas, mas dramáticas...

E: Quando você quer relaxar longe da música, o que você prefere fazer e que tipo de música gosta de ouvir?

T: Eu adoro ir ver um filme, caminhar, ver paisagens, especialmente o mar, e estar com a minha família, me divertir com a minha família é importante, deixar os computadores e deixar até os telefones para trás... E estar em um lugar calmo, quieto, porque nossa vida é bem corrida agora, viajando com meu marido, minha filha, estamos tanto na estrada que quando chegamos em casa queremos só ficar em casa, é uma maneira de relaxar, estar em sua zona de conforto, eu sua casa linda, onde você pode cozinhar e estar bem, se sentir bem, se cuidar...

E: Alguma mensagem para seus fãs e para os leitores da Louder than hell?

T: Bem, muito obrigada por seu apoio durante todos estes anos e eu adoraria fazer uma tour nos EUA porque faz muito tempo que eu faço shows aí então eu estou com meus dedos cruzados para achar um lindo promotor para me levar aí, sejam pacientes, estou tentando meu melhor todos os dias, então obrigada novamente!