De volta às raízes
Todos nós conhecemos Tarja Turunen como a rainha dos palcos de metal, cuja voz magnífica facilmente compete com riffs de guitarra. Mas neste novembro ela vai revelar outro lado de sua personalidade – um lado o qual seus fãs nunca viram antes. Com seu novo projeto, Harus, ela volta às suas raízes – a música clássica. Em entrevista ao site russo Darkside, Tarja fala sobre o lançamento desse projeto, o futuro lançamento de seu terceiro álbum, e muito mais.
- Oi, como você está?
- Bem, e você?
- Bem.
Vamos começar nossa entrevista. Primeiro vamos falar de seu novo projeto Harus, que será lançado junto com um álbum ao vivo. Pode nos dizer algo sobre esse projeto? Pode descrever como surgiu essa ideia?
É muito diferente de tudo que eu já fiz, do que eu já lancei até agora. Você sabe que a formação do Harus é uma formação típica de um projeto de música clássica, que consiste em um organista, um percussionista, um guitarrista, e eu como cantora. Somos quatro músicos com diferentes influências musicais. Começamos a tocar juntos em 2006, e agora batizamos essa formação porque estamos tocando já há muitos anos apenas na Finlândia até agora, então decidimos colocar um nome para esta banda, para torná-la um pouco mais oficial. Então decidimos pelo nome Harus. Até mesmo neste natal faremos alguns shows natalinos na Finlândia. Mas o Harus não é só uma banda natalina. Nós vamos nos apresentar em vários países no futuro também, e também vamos gravar no estúdio. Este é um show ao vivo, que agora está disponível em DVD, de um concerto. Esse DVD foi gravado na Finlândia no Sibelius Hall em 2009. É um show de natal, eu canto músicas natalinas, músicas internacionais, Ave Maria, algumas outras canções clássicas, e uma Ave Maria que compus para esta turnê. E agora esse DVD será lançado pela primeira vez, e contém canções finlandesas bem tradicionais.
É por isso que você está cantando Silent Night (Noite Feliz), não é?
Silent Night em finlandês, sim!
E você participou da composição no Harus?
Sim, participei dessa vez. Não especialmente para o Harus. Eu compus Ave Maria para esse concerto, então nós a tocamos com o Harus. E, é claro, essa Ave Maria será lançada, publicada, e estará disponível no mundo inteiro.
Com este projeto você retorna às suas raízes na música clássica, que é sua principal influência. Como você se sente em relação a este projeto? Está satisfeita com o resultado?
Bom, você sabe, eu fiz uma gravação ao vivo, e você não pode comparar com uma gravação de um estúdio, porque em uma gravação ao vivo, qualquer coisa que acontecer lá na hora será gravado, e você pode ouvir os erros, mas esse tipo de coisa a gente não pode evitar quando se grava algo ao vivo. E foi uma noite mágica que aconteceu na Finlândia em 2009, agora está disponível para todos, e você pode sentir como foi aquela noite! Agora que, finalmente, terminamos o CD, podemos começar a fazer shows, não só na Finlândia, porque muitos dos meus fãs já estão viajando do mundo inteiro para me ver, da Rússia, de todo lugar para poderem assistir aos shows do Harus na Finlândia. Eu adoraria poder tocar na Rússia com o Harus um dia. Espero que isso seja possível.
A propósito, você já tocou na Rússia este ano durante um festival neste último verão, não é?
Sim, eu estava lá.
Você colaborou com Kipelov na música “I’m Here”. Acho que seus fãs russos adorariam saber mais sobre essa apresentação. Foi difícil cantar em russo?
Oh, foi muito difícil, não posso mentir sobre isso! (risos). Quero dizer, é uma língua muito difícil para mim. Você sabe como é, eu estava muito nervosa no dia, estava ensaiando muito o meu russo, sério, Kipelov me ajudou muito com o idioma! Ele ficou muito orgulhoso de mim, porque a gente antes de a gente ensaiar em Moscou fizemos um show em Samara antes, então ele ficou muito feliz por eu ter aprendido, nós trabalhamos muito na minha pronúncia. Quando a música terminou, saí do palco muito feliz porque não precisei ler a letra, eu tinha a letra no palco só em caso de não me lembrar de alguma coisa, mas nem olhei para ela. Eu fiquei tão feliz que pude cantar sem a ajuda da letra, sabe, eu consegui memorizar toda ela em russo. Espero que, um dia, eu consiga aprender um pouco mais desse idioma, é maravilhoso!
Você se saiu muito bem! Você sabe a tradução dessa letra?
Sim, é claro, sei o significado, claro, nunca cantaria uma música se eu não soubesse o significado dela!
E você gostou da música?
Oh, gostei muito, é muito poderosa, tem uma letra e música muito poderosas. Eu já gostava muito dessa música antes de cantá-la com ele. Acho que foi uma ideia maravilhosa da banda me convidar para cantar junto com eles.
Você planeja trabalhar com algum outro músico russo no futuro?
Ainda não, ninguém entrou em contato comigo, mas tenho a chance de poder me apresentar na Rússia com a minha banda, isso me faz muito, muito feliz, já que batalhamos muito, durante vários anos, para fazer um show na Rússia. Agora está agendado para março, mais precisamente no começo de março, vários shows na Rússia, então estou muito feliz.
Falando novamente sobre o seu novo projeto, Harus: porque você decidiu lançar um cd ao vivo, e não um cd de estúdio?
A razão principal foi porque queríamos tornar o projeto oficial, ressaltar que essa é uma formação fixa, fazendo música para vocês, então essa foi a razão principal para lançar o disco ao vivo. Quando tivemos a oportunidade de gravar esse show em 2009, foi gravado pela produtora dos meus amigos, então fiquei muito feliz em trabalhar com amigos, eles são amigos muito queridos. Nós divertimos muito durante a gravação, o planejamento, e a edição. Foi tudo feito pelos meus amigos. Então é a primeira vez que as pessoas verão essa formação, e o meu outro lado como cantora, porque os meus fãs e muitas outras pessoas só me conhecem como uma cantora de Rock. Talvez eles também saibam que tenho influência de música clássica, mas eles nunca me viram cantar desse jeito, então agora eles pode me ver, pela primeira vez, cantando algo do gênero.
O trabalho desse projeto difere do seu trabalho em um projeto metal? Qual deles requer mais esforço?
Foi muito diferente, porque, você sabe, essa foi uma gravação feita de uma vez só, em uma única noite, então se... Por exemplo, se eu estiver considerando entrar em turnê, eu geralmente ensaio sozinha em casa. O que é diferente de um projeto de metal, porque a gente não ensaia junto com o Harus, geralmente eu ensaio sozinha em casa, e depois a gente simplesmente toca junto no palco. Eles são músicos profissionais, eles conhecem o material, todo mundo ensaia sozinho; a gente só passa as músicas uma vez antes do shows, e pronto. Para todo o lugar que a gente toca os arranjos são mudados, estamos constantemente mudando alguma coisa, fazendo novos arranjos para as músicas para qualquer show. Em um álbum de metal é um outro conceito, é uma outra parte de mim é claro, tudo é diferente – eu tenho uma banda, a gente ensaia, cedo, muitos dias antes da turnê começar, e eu ainda componho algumas músicas a mais. Você sabe, minhas músicas são meus bebês – “What Lies Beneath”, “My Winter Storm” é a minha música, e o Harus são quatro músicos com o mesmo nível de importância, fazendo algo diferente juntos, tocando belíssimas músicas, fazendo covers... Espero que um dia eu componha mais músicas para o Harus.
Você planeja em se concentrar no trabalho com o Harus, ou você vai trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo?
Eu sou, como os meus fãs bem sabem, uma viciada em trabalho. Eu trabalho muito, e adoro trabalhar com música porque eu amo música, sério, eu não posso viver sem música! Então o Harus é um dos meus projetos, é claro. Eu também componho novo material o tempo todo para o meu álbum de Rock, que, com sorte, será gravado depois de terminarmos com as turnês do “What Lies Beneath”, meu último álbum. Eu estarei fazendo turnê até o meio de abril. Em janeiro, fevereiro, março e abril estarei viajando com o show do “What Lies Beneath” pela Rússia e outros países, e então, depois disso tudo, espero gravar meu novo álbum, e, novamente, vai levar muito tempo para gravar e produzir tudo. Então o Harus é um dos meus projetos, e eu ainda adoraria fazer muitos outros (risos); talvez compor uma trilha sonora algum dia, não sei. Quem sabe? (risos)
Falando agora sobre turnês, existem algum país que você gosta mais de tocar, ou talvez até mesmo países que você acha que seja difícil cantar?
Oh, bem...Você pode perceber que os concertos clássicos, em geral, são muito difíceis para mim, vocalmente falando, e é claro que preciso ensaiar muito, e me concentrar completamente no meu desempenho vocal nos concertos. Por exemplo, para os meus shows de Rock, é claro que preciso manter a forma, porque é muito exaustivo ficar correndo de um lado para o outro do palco, e tento manter-me saudável enquanto estou viajando. Estou sempre arriscada a adoecer enquanto estou viajando com tantas pessoas, conhecendo um monte de gente o tempo inteiro, e com um monte de bactéria circulando pelo o ar, e como cantora, é sempre difícil manter-se bem enquanto você está na estrada. Mas o fato é que, quando você é um cantor, um artista, é importante manter-se saudável, e exige muita preparação. Mas essas são circunstâncias diferentes para os dois tipos de shows, tanto os concertos de música clássica, quanto para os shows de metal.
Existe alguma diferença entre os fãs de diferentes países?
Claro que eles são diferentes, eles são culturamente muito diferentes. Até na Europa, quando a gente viaja de um país para o outro, você consegue ver a diferença. Você pode ver que tem várias culturas, e, todas as pessoas, os fãs, eles mudam. Mudam a mentalidade, a reação, e até o jeito que eles curtem o show é diferente. Tive a oportunidade de fazer shows por quase todo o mundo... Eu já vi como é que é a reação dos meus fãs, é maravilhoso, porque, cada show é diferente, toda noite é única, e, você sabe, até meus sentimentos toda noite mudam. Meus fãs são maravilhosos.
Como você se comunica com seus fãs além dos shows?
Bom, eu tenho muitas formas de me comunicar com os meus fãs, sinto que a comunicação é muito importante quando se é um artista – com seu público, com sua audiência. Eu tenho um blog oficial, então escrevo algumas novidades para os meus fãs, e posto algumas bonitas fotos das minhas viagens; eu também tenho Twitter e um Facebook, e é claro, encontro com meus fãs quase todo show, e exceto quando estou doente, cansada, ou algo dá errado, tento encontrar com eles depois do show, ou faço sessão de autógrafos, e eventos desse tipo. Eu me divirto muito me comunicando com os meus fãs.
Finalmente, por favor, diga algumas palavras aos seus fãs russos e leitores da Darkside.ru!
Primeiro de tudo, eu preciso dizer o quanto estou ansiosa com os sete shows que vão acontecer em março na Rússia. É inacreditável que finalmente eu posso vir aqui para tocar para vocês, e conhecer outras cidades além de Moscou, São Petersburgo e Samara. Eu não conheço muito da Rússia até agora, embora eu tenha viajado para cá, mas estou muito ansiosa para ver mais do seu lindo país, porque eu já venho fazendo shows aqui por muitos anos, então agradeço muito, muito, por isso. Então, em março, que já está bem próximo, o ano que vem já está na porta! Muito obrigada a todos, amo vocês, amo vocês muito! Espero ver todos vocês lá.
Muito obrigado pela entrevista. Estamos esperando por você na Rússia.
Muito obrigada, obrigada por ligar.