E: Como artista, você prefere estar na estrada ou no estúdio?
T: Bem, há diferentes circunstâncias, em geral eu amo os dois, mas preciso me apresentar. Sou uma artista e ficaria realmente mal se não pudesse cantar para meu público. Quer dizer, eu adoro cantar e me apresentar, eu adoro pensar sobre como vai estar o palco, que músicos trarei, adoro tudo isso. Eu adoro viajar, até com a minha família hoje em dia. E em geral gosto de ver todos esses lugares e voltar para onde já fui, há um charme nisso. Então posso dizer que prefiro a parte das tours.

E: Pelo que tenho visto, você só tem tocado três músicas do Nightwish em seus shows. Isso quer dizer que você gostaria de separar seu passado artístico do presente e do futuro, mesmo tendo deixado um grande legado com o Nightwish?
T: Na verdade, toco apenas uma música ou nenhuma. Claro que é parte da minha história, me trouxe aonde estou hoje. É parte de mim e sempre será, não tenho problemas com isso. Deu uma nova direção a minha vida, e é bem difícil imaginar onde eu estaria sem aquela primeira demo. Por outro lado, eu tenho minha própria vida como artista, tenho meu próprio estilo, estou escrevendo minhas próprias canções, produzindo minha própria música, tenho meu próprio público, e tenho fãs que vem do Nightwish. Eu amo música e é sobre isso que me importo, é isso que quero dar as pessoas. Nos meus próximos shows na Grécia eu trarei músicas dos meus antigos álbuns e do novo, e vou me divertir, que é onde eu baseio todo meu projeto de trabalho. Não quero passar mais nenhum momento da minha vida triste. É isso que significa para mim, ver a audiência emocionada a minha frente. É sobre isso que me importo, fazer as pessoas felizes com a minha música.

E: Você ouviu os últimos dois álbuns do Nightwish? Se sim, quais são suas opiniões sobre isso?
T: Não estive interessada em ouvir os álbuns deles, desculpe. Não conheço a música. Ouvi algumas na rádio, mas é tudo que sei.

E: Depois de todos os cds e tours que você fez, sente que há algo para ser feito que você ainda não tenha feito?
T: Sempre há algo. Quer dizer, vamos lá, não dá para ter feito tudo de tudo. Sempre há algo, e claro que dizem que tudo já foi escrito e feito, é difícil inventar coisas novas. Mas eu preciso acreditar nisso, se não acreditasse eu me tornaria uma pessoa miserável. Eu preciso pensar que ainda posso crescer como ser humano. Eu preciso, porque seria muito triste ficar lutando e correndo em círculos. Em cada um dos meus álbuns eu tento me renovar, mesmo mantendo alguns elementos básicos, mas porque odeio me repetir. Se eu escrevo uma música que, por exemplo, pareça com alguma de um outro álbum, a descarto imediatamente. Suponho que algumas pessoas irão pelo caminho mais fácil, mas eu não sou assim. É por isso que me imponho limites pessoais. Também sou cantora, então quero melhorar nisso, tenho aulas de canto. É claro que sempre há desafios, mas você precisa ser capaz de quebrar as regras, de outra forma ficará sempre no mesmo lugar onde está confortável. E eu não me sinto confortável naquele lugar.

E: Você trabalhou com algumas das grandes vozes no rock em geral, como Kiko Loureiro do Angra no aniversário de 20 anos com o show "Angels Cry" e Klaus Meine do Scorpions em "The good die young", uma música do "Sting in the Tail". Há outros cantores, homens ou mulheres, com quem você ainda gostaria de tocar?
T:Ah, há muitos, e se eu falar um ou dois vou esquecer os outros sessenta! [risos]. Eu tenho uma longa lista de artistas que com quem eu adoraria trabalhar, sou uma sonhadora, preciso continuar sonhando! [risos]. Mas claro que se Peter Gabriel me ligasse e dissesse "Tarja, adoraria fazer um dueto com você" eu o faria, ok? [risos]. Sting também, vozes desse jeito, eu amo as vozes. Tem muitos cantores clássicos que eu adoraria também. Quer dizer, escrever uma música com Mike Oldfield nunca tinha me ocorrido até o momento em que ele me chamou e eu fiquei como "o que diabos está acontecendo aqui?". Coisas como essas estão me acontecendo e é por isso que amo música em geral. Se você tiver sua mente aberta, coisas acontecem. Eu ouvi Scorpions quando era adolescente, adoro a banda e acabar cantando em um de seus álbuns é algo que eu nunca tinha imaginado, mas aconteceu e é algo maravilhoso e belo.

E: Algum plano para o futuro sem ser as tours?
T: O The Voice of Finland vai acontecer ano que vem, e depois temos uma tour com o Beauty and the Beat, com orquestras e coros, teremos alguns shows com esse projeto. Depois disso tomarei o verão para terminar meu próximo álbum, metade já foi gravada, baterias e guitarras já foram gravadas. Ainda está cru, mas a data de lançamento é para o começo de 2016, então ano que vem tenho que terminar tudo. Também teremos a tour de natal no fim do ano que vem, porque ano que vem fazem dez anos que tenho feito os shows de natal. Também haverá uma grande tour pela Finlândia. Sem ser as tours, temos o The Voice of Finland, acabar meu álbum e com alguma sorte algumas férias, e uma chance para mergulhar, eu gosto muito de mergulhar. É, é mais ou menos isso!