Entrevista por Ashlinn Nash
Fotografias por Jo Blackened

A soprano angelical, Tarja Turunen, é conhecida por seu mistério e elegância em todas as músicas, desde sua antiga carreira com o Nightwish até suas aventuras solo. O novo álbum, "Colours in the Dark", que foi gravado entre seus compromissos de uma lotada agenda de tour, deverá ser outra fatia da excelência que é a forte batida acentuada com o estilo sinfônico. Depois dos fenomenais "My winter storm" (2007) e "What lies Beneath" (2010), Tarja está de volta com o álbum mais pesado já visto.

Nós pudemos conversar com a artista, que está agora nos momentos finais da criação de seu mais novo álbum "Colours in the Dark".

E: Você produziu o seu novo álbum (Colours in the Dark) você mesma. Como foi esse processo?
T: Tem sido fantástico esta experiência de estar no controle, e, mais que isso, de ter liberdade. É realmente fascinante, eu tenho aprendido tremendamente nestes últimos anos, e desde que minha carreira solo começou muitas coisas tiveram que ser aprendidas.
Sobre a criação das músicas, é preciso ter coragem e neste álbum eu escrevi muito mais do que antes e isto me faz feliz. Que eu não estou tendo que seguir normas ou padrões é muito divertido! (risos). Até porque eu tenho uma ótima equipe que trabalha comigo e nós nos entendemos, entendemos as decisões que são feitas, eles estão comigo na estrada já há anos e, é claro, gravando comigo.

E: Tim Palmer teve seu papel na mixagem do álbum, como foi trabalhar com ele?
T: Ele é ótimo e realmente uma pessoa maravilhosa e muito fácil de se conviver. Ele estava trabalhando comigo neste último lançamento e em algumas músicas. Depois desta experiência eu lhe disse que adoraria que ele fizesse a mixagem de um álbum inteiro. Então eu fui à casa dele, onde ele na verdade tem um estúdio, em Austin, Texas. Me senti parte da família, como suas filhas e todo mundo que estava lá, pessoas de mente muito aberta, então não me senti como uma intrusa ou como se estivesse incomodando de qualquer maneira.
Quando se trata de música, trabalhar com Tim é muito rápido e muito produtivo, ainda que tudo tenha sido gravado e eu tenha minhas músicas lá, há tantas camadas e tudo o mais e tudo tem que sair perfeito! é um grande desafio mixar porque tem muito disso, mas Tim é muito talentoso, ele tem trabalhado com grandes bandas, especialmente cantores; ele é ótimo com vocais, o que ele fez com o álbum foi realmente mágico, estou surpreendentemente feliz com eles, então eu realmente aprecio seu trabalho. Ele já trabalhou bastante com o H.I.M, e outras grandes bandas, então ele tem uma conexão com a música finlandesa.
Ele é ótimo e leva minha música a sério, o que me deixa muito feliz. Ele é realista, me respeita, e é ótimo ver isso.

E: O que os fãs podem esperar desse novo álbum?
T: Eles podem esperar algumas mudanças - os elementos usados são basicamente os mesmos dos álbuns anteriores, mas eu estou dando alguns passos na direção do desconhecido um pouquinho mais. Eu finalmente consegui as guitarras sendo agressivas do jeito que eu quero e também a parte sinfônica sendo bombástica e épica e muito poderosa. E o emocional também, há agora alguns elementos mais progressistas do que antes. Assim, as músicas não são tão obvias de se entender logo na primeira vez.

E: De onde surgiu o nome do álbum?
T: com o Colours in the Dark foi engraçado. Eu sempre tenho o título antes de escrever as músicas, e dessa vez foi ao contrário. Então eu comecei a escrever as músicas dois anos e meio atrás entre as tours. As cores sempre estavam lá, eu pensei que este álbum tinha que ter alguma coisa a ver com as cores, minha vida tem sempre sido colorida e eu queria escrever sobre isso. Sobre como eu me sinto hoje, sobre o que já senti, pelo que já passei e assim por diante, as histórias tem muito a ver com a minha vida ou comas pessoas com as quais trabalhei e suas histórias.
Pessoas sempre foram uma grande fonte de inspiração para mim, assim como a escuridão em mim mesma. Ela vive em mim e tem que estar lá para eu ser que eu sou. Eu escrevo músicas pesadas (dark), eu poderia escrevê-las na praia! (risos). Mas eu gosto de escrevê-las assim. É a alma que eu tenho, uma alma escura em uma pessoa positiva.

E: De que outros elementos você tirou a inspiração para esse álbum?
T: definitivamente pessoas e as jornadas nas quais minha música tem me levado, são minhas inspirações. 
Eu já vi gente de várias culturas lidando com diferentes problemas, assim como todo mundo, e é fascinante. Coisas desse tipo, minhas experiências pessoais. Eu ouço bastante metal americano, há bastante bandas as quais eu ainda estou ouvindo da américa, como Alice in Chains, e o lado melódico do gênero, como o Avenged Sevenfold, e o lado estranho também, eu gosto disso (risos).
Eu também tenho um lado clássico, adoro trilhas sonoras como a do Gladiador, é difícil achar uma tão bem sucedida. É interessante ver como Hans Zimmer muda seu estilo de compor e sua música com o passar dos anos. É divertido voltar no tempo e pegar alguma coisa que ele fez anos atrás e comparar com o atual. Assim com a minha música, que também está diferente! Então também é progressivo.

E: Qual sua música favorita no álbum?
T: Oh, está é uma pergunta difícil! (risos). E a resposta para ela é ainda mais difícil. Claro que eu amo a primeira faixa, Victim of Ritual, mas é difícil escolher porque eu amo todas. Junto com a gravadora nós decidimos fazer desta música o primeiro single, então eu estou feliz de finalmente ter achado um parceiro musical que entende todos os aspectos teatrais na minha música - não é fácil, mas sou eu. "Victim of ritual", então, talvez seja minha favorita.

E: e essa vai ser uma nova favorita para tocar ao vivo?
T: Ah, sim! Eu acho que é bombástica e tão divertida! Nós começaremos a tour em outubro e continuamos até 2015, com algumas pausas nesse tempo. Minha filha vai ter três aos quando terminarmos, ai meu Deus! (risos). Daí já vai ser hora de começarmos um novo álbum.

E: O álbum tem um cover de Peter Gabriel, como foi isso?
T: Eu sou uma grande fã, pensei em fazer isso já faz anos, eu amo o álbum do qual essa faixa veio, é um álbum bem dark pra mim. 
Depois de ouvi-lo algumas vezes eu comecei a ouvir esta música em particular e ela tem uma letra maravilhosa sobre medos e seus efeitos e eu achei que poderia fazer esta música eu mesma. Então eu fiz uma série de mudanças corajosas, como acelerar a música, adicionar alguma agressividade e depois eu realmente relaxei e a levei para uma atmosfera diferente. Eu amo essa música!

E: No passado você escolheu várias músicas para fazer cover, são casos de estar só ouvindo elas e pensar "oh, esta seria uma boa música para um cover"? 
T: Exatamente, eu já fiz vários covers de rock dos anos 80, rock masculino, e o processo de trabalho nesta música foi diferente, eu não estava tão séria nas outras. Nessa eu estava muito, muito séria enquanto trabalhava.

Quando você começou a trabalhar na sua ideia de projeto solo, você chegou a pensar "eu quero escrever só música clássica" ou "só metal" ou você queria uma combinação?
T: Sempre esteve muito claro pra mim que eu queria misturar os dois mundos, porque os dois me completam. Eu vejo o clássico como minha mão direita e o metal como minha mão esquerda. Se alguém me tirasse algum destes, mesmo que por um curto período, eu me sentiria horrível. Nos concertos clássicos é tudo sobre perfeição, e eu treinei muito para eles, mas um mês depois já há um show de rock e é bem confortável. Eu consigo lidar com isso, só tenho que descansar entre as tours. É divertido, muito divertido!

E: Você teve vários músicos convidados nos últimos álbuns, quem você chamou para o Colours in the Dark?

T: Há um dueto, Medusa, para o qual eu finalmente consegui uma harmonia masculina. Seu nome é Justin Furstenfeld, ele é de uma banda americana chamada Blue October. Sua voz é tão suave, emocional, e se encaixa perfeitamente na música o que eu sou grata por. Estou feliz com isso. Também há um homem chamado Thomas Bloch, que toca instrumentos de cristal. Eu queria alguém que pudesse tocar instrumentos de vidro com os dedos, e, quando estava fazendo minha pesquisa, encontrei este homem que estava tocando sinfonias com instrumentos que são chamados de, por exemplo, harmônicas de vidro. Ele tinha instrumentos incríveis, como uma cesta de cristal, e criava tantos sons maravilhosos e até alguns momentos assustadores em meu álbum e eu amei isso. Também há uma musicista britânica chamada Caroline Lavelle, ela é cellista e tem trabalhado com muitos ótimos músicos e foi um prazer trabalhar com ela.

E: Na capa do álbum há um grande contraste. Isso representa o álbum em si?
T: Tem tudo a ver com a música, a capa, eu fui para a índia fotografar e tem realmente um sginficado e cores muito fortes, e a Índia é o lugar para cores! Eu encontrei fotos deste incrível fotografo que eram tão coloridas e eu disse que queria fazer algo similar para a minha própria capa.

E: Na próxima tour, onde você quer tocar?
T: Em todo lugar, por favor, Deus, em todo lugar! (risos). Quero ter mais shows aqui (UK), eu tenho fãs lindos aqui, e eles têm me esperado, eu só preciso achar um produtor. Estamos trabalhando muito para fazer mais shows aqui e também ir à outros países aos quais eu não tenho tido a chance de ir ainda. Como eu sempre digo, a música tem me levado a lugares maravilhosos, e eu sempre espero por isso.

 

E: Muito obrigada por seu tempo!

T: Obrigada, foi um prazer te conhecer!